(Na realidade não acredito que haja nada que temos de fazer ou que devemos fazer, mas essa é outra conversa.)
Para ajudar as crianças a distinguirem entre vontade e necessidade podemos utilizar a forma ”Quando-Então/podes”.
”Quando colocares a tua roupa suja no cesto, então eu posso lavá-la”.
”Quando arrumares as coisas da mesa, então podemos ir ao parque”.
”Quando souberes nadar, então podes ir à piscina grande”.
Para utilizar consequências lógicas podes seguir os seguintes passos:
1. Pede ajuda à criança.
Arranja um tempo para te poderes sentar com a criança, sem interrupções, sem televisor, telemóvel, jogos, trabalhos de casa etc. Tem de ser um tempo cujo objetivo é ter um diálogo autêntico e honesto. Também é importante ser um momento em que emoções como raiva ou frustração não estejam presentes, nem de uma parte nem da outra. Se não tiveres as condições certas, escolhe outro momento.
A conversa poderia ser assim:
– Inês, eu fico muito stressada com as nossas manhãs e gostava de evitar isso. Parece-me que tens dificuldade em te levantares de manhã. Quando não te levantas e adormeces outra vez, o que achas que deveríamos fazer?
Normalmente as crianças conseguem pensar em boas soluções. Deixa a criança pensar e não ajudes no início. A probabilidade de colaboração aumenta muito quando a criança se sente parte do processo e quando a opinião dela também conta e é respeitada.
2. As consequências devem ser lógicas
Será que as consequências têm uma ligação lógica ao comportamento/a situação? (podes ver aqui a diferença entre consequências lógicas e castigos, onde encaixa a consequência escolhida?)
3. Apresenta escolhas que são viáveis para ti
Se desde o início sentires que não vais consequir deixar a roupa do teu filho espalhada no seu quarto sem a arrumar e lavar, então não apresentes essa alternativa. Se sentires que a hora do conto a noite é muito importante para ti e a vossa relação, então não apresentes como consequência retirar a hora do conto.
4. Esteja alinhad@ com o que definiram.
Ou seja, não digas: ”Lembras-te que combinamos que eu só lavava a tua roupa se a pussesses na cesta… sabes, a próxima vez não lavo mesmo.” Perdes a tua credibilidade e vai ser cada vez mais desafiante. Por outro lado podes mudar de ideias, se já não te sentires bem com o que foi decidido podes dizer ”Estive a pensar e acho que não faz sentido…” ou ”Estive a pensar e gostava….”. Mudar de ideias não tem mal nenhum! (ou contrário do que muita gente diz! 😉 )
5. Sem expectativas
Procura evitar ter a expectativa de que a criança vai seguir o que foi decidido sem testar a validade/seriedade. Quando a criança testa está a aprender sobre si, sobre ti e sobre o mundo.
6. A segunda oportunidade
Se temos como objetivo o desenvolvimento da responsabilidade temos de deixar as crianças aprenderem com os seus erros. Ou seja, após ter experienciado uma consequência, podemos começar de novo. As emoções e atitudes presentes são amor, compaixão e carinho. Se a criança ”falhar” não precisa de zanga e desilusão.
Se as coisas estiverem a correr bem, comunica isso à criança, não com elogios, mas com feedback genuíno e pessoal. Conta-lhe sobre aquilo de que estás a gostar, descreve o que sentes e conta porquê!
Por exemplo:
”Fiquei mesmo contente hoje quando cheguei a casa e vi que tinhas posto a roupa toda para lavar. Gosto quando as coisas estão mais organizadas.”
”Sinto-me me muito mais tranquila quando utilizas o capacete quando andas de skate. Assim sei que tens a cabeça protegida se caíres.”
”Fico tranquila quando tomas o pequeno-almoço, assim sei que vais ter energia suficiente para aguentar a manhã toda na escola.”
Faz sentido? Então, experimentamos?