Academia de Parentalidade Consciente

Se a tua segurança não vier de dentro, vais-te sentir sempre inseguro

No meu trabalho com famílias e mulheres vejo isto em ação diariamente, esta busca de algo que virá de fora “salvar-nos”.

Eu posso ter mais e mais experiências loucas e viagens fantásticas… mas quanto mais coisas faço, mais difícil torna-se de superar a experiência anterior.

Eu posso ser uma mulher de sucesso, receber imensos elogios, ter muitas pessoas a seguirem o meu trabalho… mas há sempre quem tem mais de algo, há sempre alguém “melhor”… e quanto mais elogios tenho, mais quero, quantos mais seguidores tenho, nunca são suficientes…

Eu posso ter uma casa grande e segura. Posso ganhar muito dinheiro e conseguir poupar bastante, mas quanto mais tenho mais inseguro fico pois há mais que possa perder…

Eu posso ter imensos amigos, posso ter um parceiro que demonstra o seu amor a toda a hora.. ou talvez vários… mas parece que há sempre um vazio… parece sempre que falta um amigo… falta algo no meu parceiro… ou falta mais um parceiro…

Quando procuramos satisfazer as nossas necessidades psicológicas apenas de fora, nunca, mas nunca será o suficiente. Tudo que de alguma forma ameaça o meu estilo de vida, ou o estilo de vida que gostava de ter, é levado como uma ameaça à própria vida.

Se não conseguires ver e sentir que cada momento é uma experiência única e nova, estarás nesta vida insatisfeito.

Se não conseguires reconhecer o valor da própria vida, se não conseguires sentir o teu valor intrínseco vais-te sentir insuficiente.

Se a tua segurança não vier de dentro, vais-te sentir sempre inseguro.

Se acreditares que são os outros que te vão preencher, vais te sentir desconectado e sozinho.

E é bastante óbvio, não é… que tudo tem de vir “de dentro”… é basicamente um cliché que às vezes até pode irritar… Mas a relação que temos com nós mesmos foi tão condicionada na nossa infância que nem sabemos o que é isso que podemos encontrar “cá dentro”… parece tão inacessível e não temos referência nenhuma…
Em vez de nos terem mostrado que a nossa existência é que nos dá valor, que essa existência é uma experiência infinita que nos oferece a única segurança que necessitamos e toda a conexão que precisamos… Foi-nos incutido que os outros (os adultos) sabem melhor que nós. Que existe bom e mau comportamento e que só quando nos comportamos da forma certa merecemos amor. Criaram-nos dependentes de validação externa. Acreditamos que o nosso valor depende dos nossos resultados. Fizeram-nos acreditar que sem um parceiro não somos ninguém.

Mas o que podemos então fazer na prática… O que então devemos ensinar aos nossos filhos, e o que então podemos dizer a nos mesmo? O que podemos fazer?!

Bom o processo é mais um não-processo. É um parar. É um refletir. Um reconectar. Um experiençiar do que está aqui. É uma pausa. Não há volta a dar… não podemos continuar a correr…. só… E nessa pausa, entre estimulo e resposta, faço aquelas escolhas que me fazem crescer e mudar. E nessa pausa podemos reensinar ou reeducar o nosso sistema algumas lições sobre a vida e sobre nós.

(Experiência e Novidade) – A vida é uma experiência, sempre única, sempre nova, sempre inédita

(Importância e Reconhecimento) – A vida tem valor por si própria. EU tenho valor por mim próprio.

(Conhecimento e Segurança) – A vida suporta a vida. A vida é o que é.

(Ligação e Pertença) – Estamos todos ligados. Somos todos um.

O que é muito bonito neste processo é que podemos ajudar-nos uns aos outros. Não é preciso fazer tudo sozinho, não é cada um por si…. não é uma competição em relação a quem se sente melhor…

Tal como são os pais apoiam os filhos no seu crescimento, nos adultos podemos ser um espelho consciente uns para os outros. Nas minhas interações contigo posso estar curiosa em relação à ti, posso mostrar como aprecio cada momento contigo, como confio em ti, como tu tens valor para mim. E assim, ambos crescemos…
Quando eu tenho todas as minhas necessidades psicológicas satisfeitas, de dentro para fora, aparece um bem estar permanente. E este bem estar permanente não significa que estou sempre a sorrir, não significa que estou sempre toda feliz. Não significa que nunca choro ou nunca sofro… Significa que sou Vital. Que na minha vida há espaço para tudo que sinto, o agradável e o desagradável. Significa que tenho uma autoestima saudável. Que sei que tenho valor independentemente do que faço, tenho ou aparento…

E é neste estado que tenho as verdadeiras condições que permite mudar processos e resultados… e este estado que me leva a outro nível…