Academia de Parentalidade Consciente

Mas afinal o que é “Parentalidade Consciente”?

de Beatriz Oliveira

A parentalidade consciente é uma forma de nos relacionarmos com as crianças baseada no igual valor e no respeito pela integridade – as emoções e opiniões da criança têm tanto valor como as do adulto e todos merecem ver a sua integridade física e psicológica respeitada. Isso não quer dizer que a criança possa ter e fazer “tudo o que quer”, apenas que deve ser respeitada da mesma forma que um adulto.

Numa relação consciente com crianças, o adulto cuidador é o líder da relação, o que lhe dá mais responsabilidades, mas não lhe confere o direito de não respeitar a integridade da criança. Esta é uma forma de educar que procura disciplinar no verdadeiro sentido da palavra: ensinar, tanto competências, como a capacidade de enfrentar com resiliência situações difíceis, frustrações e tempestades emocionais.

É um estilo de parentalidade que estimula a autenticidade e a vulnerabilidade: aceitamos que não somos perfeitos (o objetivo da parentalidade consciente não é ser um pai perfeito, nem ter filhos perfeitos), aceitamos que vamos dar o nosso melhor, falhar às vezes e pedir desculpa sem medo de perder a “autoridade” – a parentalidade consciente desafia o conceito de autoritarismo. E que privilégio é poder ouvir pedidos de desculpas sinceros dos nossos modelos, aprender que falhar faz parte e que procurar reparar a relação não nos fragiliza, mas empodera.

Este estilo relacional (mais que educativo!) também estimula a responsabilidade pessoal de todos os membros da família – a responsabilidade que cada um de nós tem pela sua vida, emoções, ações e escolhas. Promove que a criança faça as escolhas possíveis à idade e estimula que assumamos a nossa própria responsabilidade pessoal enquanto pais/ cuidadores pelas nossas necessidades e limites e que o transmitamos desde cedo.

A parentalidade consciente procura perceber o comportamento e não apenas corrigi-lo. Nenhuma criança se “porta mal” porque quer. Que necessidades estão por trás deste comportamento? O que está a criança a tentar comunicar? O verdadeiro foco numa relação consciente é a ligação e não o comportamento. O objetivo não é obter obediência, mas colaboração, sem prémios ou punições. E isso não quer dizer que não haja consequências para comportamentos que queremos desincentivar.

Finalmente, o que verdadeiramente guia a nossa ação é a nossa intenção enquanto educadores: Que pai/educador quero ser? Que características gostava de estimular nas minhas crianças? Que ambiente quero fomentar na minha família? De que forma aquilo que tenho feito até agora contribui para aquilo que verdadeiramente quero? E… como posso lá chegar?

 

Referências e inspirações usadas para a compilação:

Övén, M. (2015). Educar com Mindfulness. Porto: Porto editora (Referência principal)

Juul, J. (2012). Raising Competent Children. Rockpool Publishing.

Kohn, A. (2006). Unconditional Parenting: Moving from Rewards and Punishments to Love and Reason.  Atria books.