Academia de Parentalidade Consciente

Integridade – Pureza intacta

de Ana Rita Núncio

O que é a integridade? Ser são, inalterável e recto, ter honra e pureza intacta.

Todos temos o direito à integridade e todos temos o dever de ser íntegros com os outros.

Em qualquer faixa etária, em qualquer classe social, em qualquer emprego, em qualquer situação da nossa vida.

Ouço muitas vezes as pessoas em geral dizerem em relação aos jovens: “ O Mundo está perdido, já nada é como antes.”

Estas afirmações fazem surgir algumas questões na minha mente:

Com quem aprenderam os nossos jovens? Quem tem sido o exemplo? Quem lhes passou esses valores? Quem deixou de mostrar, através do comportamento, qual o melhor caminho a seguir?

Onde ficou o conceito de integridade nas últimas décadas? Como se perdeu?

Então observo o que acontece diariamente relatado por alguns clientes (pais, profissionais de educação, jovens, entre outros) que procuram o meu trabalho:

Em casa: Dizemos que não se mente e mentimos; Dizemos que não se grita e gritamos; Dizemos que não se bate nos outros e batemos; Dizemos que os nossos filhos têm de fazer as coisas que nós dizemos, mas que não fazemos.

Na escola: Queremos alunos respeitadores, mas tratamo-los com inferioridade; Exigimos resultados excelentes, mas não damos o apoio necessário; Queremos alunos equilibrados e emocionalmente estáveis e educados, mas não damos oportunidade de exprimirem os seus pensamentos e sentimentos, nem temos professores com formação em inteligência emocional para lidarem com novos desafios.

Na sociedade: Queremos crianças bem educadas, sossegadas, bem comportadas, mas quando nos frustramos ou irritamos, gritamos, discutimos, não respeitamos as filas, apitamos no transito com agressividade e tantas vezes nos achamos e mostramos superiores aos outros.

A pureza inerente à integridade está a dissolver-se nos nossos desejos egocêntricos que escondem as nossas verdadeiras necessidades.

Olhamos para comportamentos e não para sentimentos, julgamos em vez de observar e acompanhar.

Estamos tão somente a esquecer-nos de algumas verdades essenciais:

  • Ser pai, educador ou professor é uma verdadeira missão com um significado muito profundo;
  • O meu dever é ser um bom exemplo para os outros, começando em mim e nos meus filhos, alastrando-se o exemplo para a sociedade;
  • Quando sou verdadeiro comigo, consigo ser verdadeiro com os outros;
  • Quando me recordo que já fui criança e das necessidades que tinha, do que sentia, começo a criar empatia com as crianças com quem convivo agora;
  • Quando invisto na minha responsabilidade pessoal, em vez de me preocupar com o que os outros pensam, torno-me responsável pelo que faço e vivo as consequências, dando o exemplo;
  • Quando eu comunico de forma assertiva, os outros tendem a acompanhar-me;
  • Quando eu demonstro Amor incondicional, sem esperar nada em troca, ganho muito mais do que posso esperar;
  • Quando eu pratico o igual valor reconheço que cada pessoa, independentemente da fragilidade, da idade ou dos seus bens, tem exactamente o mesmo valor que eu;
  • Quando eu preciso de estabelecer regras ou limites, de comunicar as minhas emoções ou de mostrar desagrado, posso fazê-lo de forma assertiva, demonstrando todos os valores que quero ver nos outros, principalmente nos meus filhos;
  • Os filhos são um espelho dos pais. Quando nos desafiam, estão a mostrar-nos que algo se passa connosco e que ainda não estamos conscientes disso. Quando nos tornamos conscientes e melhoramos o que é necessário, a conexão com os nossos filhos fica mais sólida, tornando os seus comportamentos mais assertivos e equilibrados, pois satisfazemos as suas necessidades.

Para que a vida seja vivida desta forma, verdadeira e conectada, não precisamos exigir, julgar, maltratar ou expor os outros, muito menos as nossas crianças.

Precisamos apenas de as abraçar, de as acolher exactamente como são, dando o melhor de nós, permitindo que libertem a sua criatividade em Amor, mantendo intacta a sua pureza e a sua integridade.