de Sílvia Costa
Sou paga para ser Mãe, é isso mesmo!!
Não assinei contrato mas efetivei o posto de trabalho logo após um curto período experimental.
Não tenho horário de trabalho mas consigo sempre ter o tempo livre para o qual me organizar e me propor a ter.
Tenho 2 “chefes” permanentes mas consigo não me queixar de rotina e, além disso, consigo aprender tanto sobre eles que me posso orgulhar de saber “gerir os chefes”.
Só tenho um colega de equipa, mas tenho o melhor colega de equipa que alguém pode ter e quando enfrentamos picos de atividades ou gestão de ausências, recorremos a serviços sub contratados na empresa “Avós e Avós, regalias ilimitadas, SA”.
Não tenho regulamentação de proteção dos direitos do trabalhador, mas nunca me senti mal tratada ou mal reconhecida pelo trabalho que faço, estabeleço limites de forma consciente e respeito os limites dos outros como eles respeitam os meus.
Levo o trabalho para todo o lado, mas tenho a vantagem de não precisar de ferramentas físicas de trabalho, apenas os recursos ilimitados que tenho dentro de mim.
Estou permanentemente a ser avaliada, pelos chefes, pelos entendidos em chefes, pelos que já não sabem o que é ser chefe e pelos que opinam só por opinar, sobre o que acham que é ter chefes mas, recolho pacientemente todos essas avaliações e retiro delas o feedback que me faz sentido e que me permite explorar diferentes formas de desempenhar este trabalho.
E assim podia continuar com muitos MAS que me fazem gostar de ter este fantástico emprego. Todos estes MAS, servem de recompensa, MAS, já diziam os meus paizinhos, o que mete batatinhas na mesa é o pagamento…pois é …
O meu salário é pago na moeda mais cara do mundo, pelo que tenho sempre vantagem no câmbio, não tenho de esperar pelo fim do mês para receber, recebo em parcelas acumuláveis e ilimitadas…
Sou paga em “Uauuu”, esse é o nome da moeda.
Esta moeda foi criada na tribo que vive segundo a filosofia da parentalidade consciente e da prática das atitudes do Mindfulness. É gerada como fruto de cada momento em que se pratica igual valor, autenticidade, responsabilidade pessoal e respeito pela integridade.
Na prática, sou paga cada vez que me comprometo profundamente a encontrar-me com os meus filhos no aqui e agora e a dar-lhes o que sou hoje. Sem prometer ser mais ou menos do que sou ou do que possa vir a ser, e sem arrependimentos do que já fui. A cada momento em que observo com “olhos de ver”, sem filtros, sem crenças, sem julgamentos…com o que me permite expandir a minha visão a algo vedado até então, a luz infinita da conexão profunda e do amor incondicional.
Quando o cruzar de olhar, por segundos apenas, traduz um diálogo de milhões de palavras que não precisam de ser ditas, traduz todos os suspiros de amor que não precisam de ser suspirados, todas as emoções que arrebatam a alma sem precisarem de ser arrebatadoramente exteriorizadas…aí, é mesmo aí,… nesses valiosos segundos em que o olhar se cruza e o universo grita : Toma lá o teu salário que é dia de pagamento!!!!