Academia de Parentalidade Consciente

Aceitas o teu filho como ele é?

de Maria Antónia Infante

Costumo falar muito do poder da Aceitação!

Um valor que tem andado um pouco escondido, nos relacionamentos e na nossa vida quotidiana.

Desde que me iniciei na prática de Mindfulness, que a atitude que mais necessitei de praticar, foi o poder da aceitação, principalmente em relação aos meus filhos.

Nós pais, mães, temos esta tendência natural de querer “controlar” a vida dos nossos filhos.

Desde que nascem que controlamos os seus movimentos, os seus comportamentos, as suas atitudes, as suas decisões…

Quando se tornam adolescentes, controlamos os amigos, as saídas, questionamos os sítios onde vão e onde não vão, e até onde deveriam ir…

Quando começam a entram na idade adulta, continuamos a querer controlar toda a sua vida, todos os seus passos…

Confiamos pouco na sua capacidade de decisão, nas escolhas que fazem no seu caminho.

Deixamos-nos cegar por montes de medos e crenças que apenas existem dentro de nós.

Queremos o melhor para eles, ou melhor, queremos o que nós achamos que é o melhor para eles…

Mas, será que o que nós queremos ou achamos que é o melhor, é realmente o melhor para os nossos filhos?

Será que o mais importante não é eles serem felizes? Autênticos, genuínos, verdadeiros, livres?

Quando conseguimos aceitar, que o caminho que eles escolhem e decidem é da sua inteira responsabilidade. Quando decidimos que devemos confiar, apoiar e não influenciar, conseguimos criar uma conexão e uma cumplicidade fantástica para ajudar a guiar os seus passos na sua caminhada até a idade adulta.

Quando aceitamos que as suas escolhas estão alinhadas com a sua personalidade, a vida familiar flui de uma forma bem mais saudável e tranquila.

A maior dificuldade que se verifica hoje em dia, nas relações entre pais e filhos, é que os pais continuam no registo de autoritarismo, superioridade e controlo, querendo percorrer um caminho que é dos seus filhos, não lhes dando a responsabilidade e a segurança de poderem fazer as suas próprias escolhas de vida. O que os leva a um afastamento cada vez maior do que deveria ser uma relação feliz e harmoniosa.

Tomar esta consciência, parece-me na minha opinião urgente, para um bom desenvolvimento das relações parentais.

Convido-te a quando duvidares de alguma atitude ou decisão do teu filho, a investigar e a questionar:

  • Qual o motivo para este comportamento do meu filho?
  • O que o pode ter influenciado a tomar esta atitude?
  • O que está acontecer verdadeiramente neste momento, na vida do meu filho?

E depois e mais importante ainda, pergunta a ti mesma(o):

  • Que valores ou crenças minhas estão a influenciar o meu comportamento?
  • De que forma o meu comportamento deu espaço, para que essas atitudes do meu filho pudessem ter lugar?
  • De que forma as minhas atitudes e/ou palavras influenciaram o seu comportamento?

Quando te tornares no melhor detective da tua vida, conseguirás olhar de forma diferente para o teu filho e ajudá-lo a caminhar em direcção à sua felicidade e realização.

Afinal, não é isso mesmo que nós pais mais queremos?

Aceita o teu filho como ele é, pois os filhos são todos perfeitos nas suas imperfeições.

Deixa o teu comentário, ele é precioso para gerar novas reflexões e descobertas incríveis.

Um abraço!

One comment

  1. Achei interessante a reflexão, pois há dias pensei exatamentr sobre esta questão da aceitaçao, aceitarmos o nosso filho tal como ele é, mesmo se tem características que desejavamos que fossem diferentes. A minha filha de 4 anos e meio, por exemplo, é muito tímida e estou a dar-me conta que é uma característica que lhe impede de fazer coisas que ela gosta. Tento dar-lhe força, mostrar-lhe que ela é capaz e incentiva-la a não desistir das coisas que ela gosta, mas muitas vezes em certas situaçoes ela mostra-se irredutível. Deixo-lhe a responsabilidade final de ela escolher fazer ou não determinada situaçao, embora as suas decisões nem sempre sejam o que mais me agrada. Mas na verdade, ela tem a sua personalidade e penso que não é justo nem obriga-la a fazer algo que ela nao se sente confortável, nem projetar um caminho segundo aquilo que eu desejaria que fosse. Por isso considero que no seguimento da reflexao sobre aceitaçao, se deve refletir também sobre a questão das expectativas que muitas vezes lançamos sobre os nossos filhos e que podem minar por completo a felicidade deles. Bem haja. Viviana

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