Academia de Parentalidade Consciente

Saltou-me a tampa?!

É porque existem coisas ‘minhas’ que precisam de sair…

e não por causa das minhas crianças!

Ser mãe é mais exigente do que alguma vez imaginei!

Dou-lhes o que tenho e o que, por vezes, penso não ter.

Sem esperar gratidão, pois tornar-me mãe foi uma escolha minha, eles não pediram nada!

Quando me sinto manipulada é porque eu não estabeleci os meus limites!

E quando me “passo” (vou para lá dos meus limites) hoje sei que a responsabilidade é minha (de cuidar das minhas próprias necessidades) e não delas!

As crianças são, só e apenas, crianças a agirem enquanto tal:

– Querem ser vistas!

– Nascem com uma auto-estima saudável: a acreditar que são lindas e merecem ter a nossa atenção… não têm constrangimentos se tem olheiras por uma noite mal dormida, mau hálito matinal, pernas rechonchudas, se estão despenteadas ou estão todas sujas.

– Eles divertem-se e pedem que nos juntemos a elas.

– Querem ter conexão (atenção dos cuidadores), afeto que é o seu combustível emocional, tão importante quanto o alimento para o corpo.

– É tão importante a conexão que, infelizmente, chegam a abdicar da sua integridade (auto-estima), se sentem que podem perder o nosso amor se não cooperarem.

– Querem experimentar, são curiosas, criativas.

– Querem treinar as suas competências (ex.: comer e vestir sozinhas…) para se desenvolver e ficar autónomas… querem evoluir! É instintivo na nossa espécie.

Sou eu que preciso de cuidar da minha criança interna, pois quando esta se sente frustrada, cansada, desrespeitada, tende a ser invadida pela raiva e a responder com gritos.

De ter consciência das minhas próprias cicatrizes, ainda abertas do passado, para que perceba que são gatilhos (fragilidades minhas) que facilmente podem ser acionados. E a não responsabilizar os meus filhos, como se os acionassem propositadamente.

Está na hora que quebrar os padrões que não nos servem (a mim e aos meus filhos), por fazer parte de uma geração educada com base no controlo e no ideal de perfeição, que tende a tornar-me funcional (num robô que só quer despachar as tarefas: comer, tomar banho e dormir). De deixar ir o medo da sociedade em geral, em sentir as chamadas emoções “escuras” (dor, mágoa, rejeição, tristeza, perda), e que por isso as procura “adormecer” (através de químicos, comida, telenovelas, redes sociais).

Nunca uma sociedade esteve tão dopada! Sem ter consciência que ao “apagar” uma parte do nosso ser, passamos a ser robôs. Não é possível apagar uma parte da nossa humanidade sem apagar a nossa essência.

Está na hora de evoluir, estabelecer novos padrões, questionar os existentes, tomando consciência em que medida me dão empowerment ou me aprisionam e limitam o meu potencial enquanto ser, enquanto guardiã de crianças. Cujo objetivo é de jardinar e não esculpir!

As gerações evoluem, as mães procuram proporcionar melhores condições aos filhos do que elas próprias tiveram. As nossas avós fizeram o mesmo e espero que os meus filhos tenham a mesma inspiração para com os seus filhos, os meus netos.

Sem culpas! Cada geração fez o melhor que conseguiu com os recursos que tinha.

É hora de perdoar as cicatrizes para que elas não nos prendam ao passado, impossibilitando de desfrutar e construir um presente, para que a bagagem do passado não nos lentifique na nossa missão de evoluir para vivenciar o “Melhor de Mim/Nós”.

Tu que também queres o melhor para os teu filhos, para ti (enquanto ser, mulher, mãe, companheira, filha), convido-te a seguirmos inteiras: mente e coração. A acolher a sabedoria das emoções, aceitar a nossa vulnerabilidade e confiar na nossa coragem de mães da humanidade e ir para arena da vida, ousar para conquistar.

De mãe para mãe!

De uma mãe de coração aberto!

Inês Gaspar Ferreira