Academia de Parentalidade Consciente

Creche, jardim infantil, escola… decisões e mais decisões!

Na vida de pais há um sem número de situações que nos colocam à prova diariamente, cada um com os seus desafios e com as suas oportunidades de crescimento. O que me proponho a refletir agora é sobre a escolha da creche, jardim infantil ou escola.

Há sempre um momento na vida das famílias, numas mais cedo, outras mais tarde dependendo das necessidades, recursos e escolhas de cada uma, em que se impõe a escolha de estabelecimento de ensino para os nossos filhos. Este é um momento em que podemos colocar ao nosso serviço as ferramentas, valores e atitudes da parentalidade consciente.

Por aqui este ano o filhote, a caminho dos 3 anos, tinha de mudar de escola, o que se mostrou uma excelente oportunidade para refletir sobre alguns dos valores importantes para nós, deixar cair algumas crenças e manter uma mente aberta e sem preconceitos.

Em primeiro lugar é necessário pensar em alguns fatores determinantes, mais concretos e que levam imediatamente à exclusão de um grande número de ofertas. Para nós a distância que a escola fica de casa é importante, assim, fizemos uma pesquisa inicial dentro de um determinado raio,  evitar situações stressantes de trânsito no inicio e final do dia era prioritário, tendo em conta que eu e o pai trabalhamos em zonas opostas tivemos de reduzir o numero de escolhas, mantendo o foco em algo importante para nós e que pode alterar o nosso estado de espírito diariamente, assim é importante este fator para uma maior disponibilidade e mais tempo para as rotinas de manhã, bem como ao final do dia.

Em segundo lugar é preciso pensar sobre a questão financeira, cada família deve fazer o seu orçamento e verificar quanto está disposto a pagar para que o esforço financeiro não seja um fator de stress todos os meses. O que inicialmente poderia parecer uma boa escolha pode tornar-se um pesadelo se os pais tiverem de trabalhar mais para pagar a mensalidade, abdicando assim de tempo essencial com os filhos.

Depois aparecem os fatores mais ambíguos e difíceis de catalogar e de aferir, como sejam a pedagogia e método de ensino utilizado e o fator humano e relacional. À primeira vista pode parecer fácil, vemos qual o método de ensino que vai ao encontro dos nossos valores e com o que esperamos do papel da escola e decidimos… pois mas na prática nem sempre é assim. Posso relatar a minha própria experiência. No final ficaram duas escolas, uma com a qual eu não me identificava de todo com o método de ensino e outra que não consegui identificar a corrente pela qual se guiavam (como grande parte das nossas escolas!). Olhando para ambas parecia que a solução estava à vista… Mas afinal nem tudo é tão claro como parecia à primeira vista… Fizemos a visita à outra escola, edifício muito recente, boas instalações, materiais adequados à idade, algum espaço exterior… No dia da visita o filhote estava cansado, tinha dormido pouco, cansado de estar fechado e acabado de sair da escola o que ele menos queria era ir para outra escola no final do dia! Passou grande parte da visita a chorar, pedindo para ir para a rua, afastando-se de nós… Esta foi uma boa oportunidade para treinar a paciência, já tinha identificado o porquê do comportamento e quais as suas necessidades, aproveitei para o explicar à educadora que fez a visita mas esta teve alguma dificuldade em mostrar empatia. Sim, para ela também tinha decorrido já um dia de trabalho, provavelmente estava cansada, compreendia tudo isso, mas deixou-me a pensar, o meu filho ficaria ali diariamente com um adulto que poderia ter dificuldade em lidar com estes sentimentos. Em conversas com outros pais compreendi que realmente esta educadora tinha um temperamento um pouco difícil mesmo com os pais. Este jardim infantil tinha muitas salas, muitas crianças e uma certa rotatividade ao nível das educadoras e auxiliares. Inicialmente parecia ser a melhor opção, mas o que era realmente importante para mim enquanto mãe, o que procurava? A minha reflexão era clara, a minha intenção era encontrar um local onde o meu filho pudesse sentir-se seguro emocionalmente e para isso era importante que os adultos conseguissem mostrar empatia. Assim, ficou claro que este não seria o local indicado.

Voltando à segunda opção sobre a qual eu tinha imensas ideias pré concebidas. Foi altura de praticar mente de principiante e não julgamento, com a mente aberta e muita curiosidade decidi ir visitar a escola. Fomos muito bem recebidos por toda a equipa, com tempo e disponibilidade, nas oportunidades que tive de observar a interação entre os alunos e os professores e diretora da escola parecia que se sentiam confortáveis, seguros, à vontade. Por acaso (ou não) a escola organizou um congresso sobre Educação Emocional que tive oportunidade de assistir, onde partilhou algumas atividades que têm feito neste sentido, alterando muito a ideia preconcebida que tinha inicialmente. Embora não concorde com todo o método decidi, de forma muito consciente, que esta seria a melhor opção que tinha no momento. E sinto-me bem com a minha decisão. Com confiança, espero em setembro iniciar as aulas para continuar a descobrir mais sobre esta escola, sempre atenta ao meu filho e às suas necessidades!

Deixo o desafio para todos os pais, olhem para as ofertas da vossa zona com mente de principiante, sem julgamentos, pensem bem nos vossos valores e intenções, evitem esforços financeiros e de tempo que depois podem trazer desgaste e pensem que o mais importante é a relação que o vosso filho vai desenvolver com as pessoas. Assim, mantenham-se atentos durante todo o ano e vão revendo as vossas decisões. Porque no fundo, o importante são sempre as pessoas e as relações que se estabelecem!!

 

Rita Felizardo

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