Academia de Parentalidade Consciente

A Parentalidade Consciente e o Mindfulness na trivialidade do dia a dia…

Hoje no parque enquanto o meu filho brincava e eu o observa, como habitual, aconteceu algo com o qual ainda não tinha tido de lidar. O meu filho estava a subir uma estrutura de barras de um parque infantil no exterior, algo que já tinha feito imensas vezes com sucesso e com relativa facilidade. Ora desta vez repetiu os mesmos movimentos, subiu com o mesmo entusiasmo, mas na reação ao solo em vez de cair a dois pés, caiu com os braços e não conseguiu evitar a projeção do seu corpo para a frente.

Resultado: um nariz no chão.

Eu estava perto, mas não o suficiente para que conseguisse evitar ou “salvar” o meu filho daquela dor, que acredito, tenha sido imensa. E digo acredito, porque outras experiências na minha vida me deram uma noção semelhante de uma dor semelhante, e não, não gostei.

Preferia que o salto do meu filho tivesse corrido melhor, com uma receção ao solo mais suave, como em tantas outras vezes? Sim, preferia.

Preferia não ter de sentir nas minhas vísceras aquela dor tão forte de ver um filho se magoar? Sim, preferia.

No entanto, tive a clara certeza de que não estava ao meu alcance evitar o que tinha acontecido, mas podia dar-lhe conforto e permitir-lhe uma aprendizagem futura.

E o que fiz?

Ora bem, e tanto que me custou, respirei bem fundo, peguei nele a chorar em prantos de dor, observei se o nariz poderia estar partido, se havia sangramento, se ele estava responsivo (tudo isto em segundos e completamente intuitivamente) e aconcheguei-o bem junto a mim…e ficámos assim, sem falar, ele a chorar e eu a literalmente a acompanhar a sua dor, a permitir-lhe o seu momento de sofrimento.

Não fiz, deliberadamente nenhum comentário naquele momento, porque senti que o que o meu filho mais precisava era de aconchego, de sentir o meu colo reconfortante, de alguém que reconhecesse a sua dor e frustração e a validasse.

Já junto ao carro ele olhou para mim e disse-me já sem chorar: -“mãe dói tanto o meu nariz”, eu disse-lhe: – “oh meu amor, como acredito que te esteja a doer, sim deve estar a doer mesmo muito, achas que podemos ir para casa e pôr gelo no nariz (ele adora tirar o gelo do congelador, pôr num saco e sentir o frio)? Ele respondeu logo que sim, dei-lhe um beijo no nariz e, mais outro, e fomos…
Desta experiência tão trivial, resultaram alguns ensinamentos para mim, que acredito vão ficar para situações próximas. [pullquote align=”right” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=””]Não controlo tudo o que pode acontecer (se é que controlo algo). [/pullquote] Ainda que de todas as outras vezes tenha corrido bem, não consigo, ainda que isso me custe tanto, prever com absoluta certeza como vai ser “desta vez” ou impedir que o meu filho passe por momentos de dor, de sofrimento, de frustração, de tristeza, etc.

Mas posso ajudá-lo a lidar melhor com o depois, posso estar presente, posso acompanhar, posso reconhecer, posso validar o que está a sentir, porque quase sempre na nossa “caixinha de memórias” existe alguma que nos permite sentir profunda empatia e compaixão pelo momento presente.

E posso deixá-lo experienciar o mundo e continuar a SUA jornada, transmitindo-lhe confiança, tranquilidade, segurança nos momentos em que ele estiver em aparente estado de “emergência de salvamento” emocional e/ou físico.

Durante toda esta experiência o que senti como sendo os principais fatores de influência no comportamento e estado emocional do meu filho de quase 3 anos, foi a minha assertividade e segurança, que sinto terem sido possíveis porque defini as minhas intenções mal o vi cair.
Criei intuitivamente prioridades e mantive-me congruente às mesmas.

  1. Ver se ele estava a precisar de cuidados médicos imediatos;
  2. Respeitar e partilhar esse momento de dor, não o privando ou tentado salvar de que estava a sentir;
  3. Confiar que ele seria capaz de usar os seus próprios recursos internos para lidar com o que se estava a passar e que eu também. Isto é respeitar e aceitar que aquele momento era acerca da dor dele e não da minha;
  4. Dirigir o meu foco exclusivamente para ele, para o que estava a acontecer e para as possíveis soluções.

Inês Ferreira

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