Academia de Parentalidade Consciente

Um dia de aniversário

Há dias em que acordamos e que a nossa principal intenção é simplesmente passá-lo com leveza e alinhada com os fundamentos da parentalidade consciente, por vezes, no decorrer do dia, a vida encarrega-se de nos dar momentos de pura reflexão.

Assim, o meu dia de aniversário é sempre um dia de introspeção, analiso em que ponto da caminhada da vida estou, o que quero alcançar e como o posso fazer. Na bela manhã dos meus 37 anos, ao deixar o meu filho mais velho para a escola, no alto dos seus 11 anos, diz:

-“Mãe, um dia feliz, não te esqueças de aproveitar muito bem, porque não há outro igual, este é o único dia que festejas o teu nascimento. Podes festejar noutros dias, mas não será o primeiro dia dos teus 37 anos.”

Fechou a porta do carro para se dirigir para a escola e como se costuma dizer “caiu-me a ficha”, ecoou-me na minha mente uma frase da Mia, “A principal prática é aparecer para a vida todos os dias com curiosidade e sem julgamento”. Pois é, aí constatei que estamos sempre a tempo de mudar e que o poder de escolha é fabuloso.

Desde que sou mãe, nem sempre realizei uma parentalidade consciente uma vez que não tinha abertura para tal mudança. Contudo, é importante salientar que a partir do momento em que tomei o primeiro passo para entender a mudança de paradigma, então consecutivamente, as evidências no seio familiar tornaram-se muito presentes.

Permitir-nos não ter culpa, permitir-nos aceitar a nossa imperfeição e aparecer diariamente para a vida com atenção plena e poder observar os meus filhos como seres em crescimento incríveis, dá-me o conforto, o acolhimento que necessito para que a vida possa fluir em perfeito equilíbrio.

Olhar para eles com igual valor, respeitando e abraçando as suas emoções, respeitar e fazer respeitar a sua integridade, afirmando o “Não” para os outros e “Sim” para eles próprios, a autenticidade genuína de serem tal como eles são, sem tirar nem pôr. Dar-lhes a conhecer o meu verdadeiro “eu”, mostrando que a mãe não é “só” mãe, que é um ser individual em crescimento, que nem sempre, nem nunca consegue estar alinhada em tudo o que acredita. Acreditar que ao assumirem a sua responsabilidade pessoal, alivia o peso do gestor familiar e impulsiona a confiança que cresce e fortalece. Isso tudo, é dar colo a uma mãe que nem sempre se conseguiu relacionar e conectar com os filhos.

Acredito plenamente que o que semeio hoje com amor e dedicação, irá ter bases fortes para perdurar amanhã. Acredito em ser “Consciente” em todas as áreas, em todas as relações. Acredito na leveza de encarar a nossa imperfeição para aproveitar a simplicidade da vida tal como ela é, e tal como merece de ser vivida.

É aí que tudo acontece, que por magia, a parentalidade se torna mais clara. Como diz o Pedro Vieira, “há coisas que jamais serão não vistas” e que torna a vida noutro nível.

Um artigo de Patrícia Filipe

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