Academia de Parentalidade Consciente

Antes e pós Parentalidade Consciente

de Sandra Valentim

A parentalidade consciente entrou na minha vida quando eu estava grávida do meu terceiro filho e constatei que a educação tradicional que era utilizada em casa não estava a realizar-me de forma alguma como mãe e também não estava a servir os interesses de ninguém lá em casa.

Imperavam os gritos, o medo, a disciplina, as palmadas, ou seja a hierarquia militar e eu era o sargento. Esta estrutura familiar desgastava-me por completo e chegava ao final do dia exausta e sentia que os meus filhos respeitavam-me por medo e não por responsabilização. Eu tinha um passado semelhante em que fora educada para obedecer e não para confiar nas minhas capacidades. Em determinada altura do meu crescimento enquanto ser humano distanciei-me da minha mãe exatamente por ter esse sentimento de que deveria obedecer, de que nunca era suficiente boa, e que era assim que uma família deveria funcionar.

Pois, mas não funcionava para mim. Eu sentia que não estava a dar aos meus filhos o melhor de mim, mas simplesmente emanava ordens às quais era imperativo que eles cumprissem senão daí decorreria o castigo, o time-out, etc, tudo aquilo que fizesse a criança perceber que tinha que obedecer. Por outro lado, ensinava aos meus filhos que deveriam questionar tudo o que viam, desde os programas de televisão, às opiniões de outras pessoas, deveriam ser eles a interpretar o que achavam certo e o que achavam errado. Ou seja, estava a tentar que eles descobrissem o seu próprio sentido critico. Aí percebi que não estava a ser congruente. Então quero que os meus filhos aprendam a pensar por eles, mas a verdade da mãe é absoluta? Vi que o caminho estava distorcido e procurei ajuda em livros.

Nesse caminho de leitura, encontrei o “Educar com Mindfulness”, de Mikaela Óven. A cada página que lia sentia que havia outro caminho que não tinha que ser a educação tradicional, mas que também não ia para o outro lado oposto da permissividade. Senti que tinha encontrado o caminho do meio e poderia restabelecer a conexão com os meus filhos sem ter como base o medo. Experimentei algumas das sugestões no terreno e incredulamente percebi que “isto funciona”.

Senti que não queria ficar por aqui, e era importante para mim aprofundar estes novos conceitos que estava aprendendo e vivendo e fui fazer a certificação de Parentalidade Consciente. Este caminho percorri-o sozinha porque o meu companheiro não partilhava da mesma opinião que eu.

Neste momento sei que não poderia ser de outra forma, pois embora seja mãe a solo de três filhos de 7, 5 anos e um bébé de 6 meses, faço-o com uma muito maior tranquilidade e confiança. Nem todos os dias são perfeitos, mas sou autêntica nas minhas relações principalmente para o meus filhos e eles sabem e sentem isso. Todos os dias aprendemos uns com os outros e o sargento cá de casa foi destituído para outro tipo de práticas em que impera o igual valor.

A Parentalidade Consciente também me permitiu crescer e desenvolver como ser humano. Levou-me a olhar para dentro e a não procurar soluções onde elas não existem. O meu verdadeiro inicio de desenvolvimento pessoal foi através da Parentalidade Consciente.