Academia de Parentalidade Consciente

Super Mummy Mindful

Olá,

O nosso blog tem vários artigos em torno da nossa experiência, das nossas vivências, do que vamos construir em conjunto com as famílias que nos procuram. Juntamos todas essas dicas num só artigo, apresentando alternativas para algumas das situações faladas nos últimos dias.

  1. as crianças chegam a casa excitadas, com vontade de brincar, com muita energia

É assim mesmo que a maioria das crianças é: enérgica e imparável. Sobretudo quando na escola passam tanto tempo sentadas, a cumprir regras e normas, sem poder falar ou exprimir  a sua criatividade. Acredito que muito deste aumento de comportamentos “hiperativos” é uma reação (saudável!) às necessidades da infância: movimento, exploração, ser muito fisico, e que hoje em dia não são, de todo, satisfeitas. Ou seja: ela salta no sofá, corre, grita, dá cambalhotas, não pára quieta porque essa é a natureza dela e provavelmente precisa disso para um desenvolvimento saudável. ( acredito que desde muito cedo, nos infantários e pré escolas, as nossas crianças deixam de ter esse espaço de exploração. E acredito que se não o fazem aos 3, 4 e 5 vão faze-lo aos 6, 7 e 8!)

Dicas Super Mummy Mindful:

  • escolher uma atividade física, desporto, dança, que possa frequentar algumas vezes por semana
  • ir ao parque infantil, a um parque antes de ir para casa, no fim da escola
  • perceber que ela precisa de movimento e reconhecer isso mesmo : “Vejo que te apetece saltar e mexer, muito tempo sentada na Escola, ah?”
  • definir os teus limites pessoais, o que queres ou consideras aceitável que aconteça em casa ou não ( ex. não quero que ela salte no sofá mas pode dançar na sala)
  • comunicar isto com respeito e gratidão, propor uma alternativa, negociar, olhá-la olhos nos olhos e falar-lhe dos teus pedidos e limites com presença , firmeza e muito amor.
  • se chegarem a um acordo, por exemplo, em colocar música para ela dançar na sala, será que a louça pode esperar um bocadinho e juntares-te a ela por 5 minutos? ( fará maravilhas na sua colaboração depois a pôr a mesa, por exemplo!).
  1. As crianças não querem tomar banho, sair do banho, lavar os dentes, vestir

Ao contrário do que se diz, muitas crianças não gostam de rotinas. Algumas gostam e precisam delas e  muitas crianças valorizam muito mais a novidade, a experiência, o inesperado do que o “sempre igual”, o previsível e muito mais em atividades que não sejam brincar, divertir-se. Qual é a graça de lavar os dentes? Sei que me vão dizer que tem de ser, que é assim, que é preciso. E é, segundo os nossos valores e crenças, faz parte de um cuidado seguro e saudável.

Dicas Super Mummy Mindful:

  • comunica-lhe isso mesmo: porque é que é importante, porque o fazemos
  • façam em conjunto se possível , valoriza os teus momentos de higiene
  • arranja um jogo, algo divertido a acompanhar as rotinas.
  • deixa-a poder ter alguma margem de decisão não em tomar banho, por exemplo, mas quando ( agora ou mais tarde, de amanhã ou à noite) se isso for possível para a tua gestão.
  • com algumas crianças funciona avisar um pouco antes, por exemplo no caminho para casa o que tu esperas ou desejas que aconteça , podes explicar que precisas de dar o banho antes de jantar para depois do jantar terem tempo para ler a história ou fazer o puzle, por exemplo.
  • pergunta-lhe se quer tomar banho sozinha ou quer ajuda, mostra-te mais disponível do que impositiva.
  • mantém a firmeza no que for inegociável, sem entrar em chantagens, recompensas ou castigos, e embora não mudando a tua decisão, mostra compaixão pelas emoções que ela possa estar a sentir, e compreensão pela sua atitude. As crianças (como todas as pessoas!) têm o direito a dizer “não”, a não querer algo. Paciência e uma postura de negociação e comunicação que transmita igual valor e respeito trarão sempre a resolução do conflito ( e como isto é válido para tantos relacionamentos entre adultos!)

 

  1. As crianças ( precisam) e gostam de ter autonomia e poder de decisão

Muitas vezes, fazemos pelos nossos filhos coisas que elas já conseguem e até gostam de fazer sozinhos e muitas vezes queremos decidir coisas só porque sim, sem qualquer respeito pela sua individualidade, gostos, opiniões e sensações.

A roupa, a comida, a fome e o frio são bons exemplos disto! E de muitas “guerras” que podem ser evitadas se nós largarmos um bocadinho o controlo e confiarmos

Dicas Super Mummy Mindful:

  • deixa escolher a  sua roupa, pentear o seu cabelo, decidir se tem frio ou calor. Os nossos filhos são bem mais sábios do que nós em algumas questões, porque estão em sintonia com o seu corpo e as mensagens que ele lhes envia. Não estão cheios de “medos” e “preconceitos”.
  • oferece alternativas, pergunta se quer levar um casaco extra na mochila, por exemplo, caso tenha frio mais tarde
  • oferece ajuda para a pentear do jeito que ela quiser ( quer ganchos, um rabo de cavalo, ou o cabelo solto?)
  • coloca comida que consideres saudável na mesa , sopa, fruta e deixa que ela possa decidir quanto come ou se prefere algum dia não comer ( já se perguntaram alguma vez de onde vem os transtornos alimentares de que sofremos?). Se tu deres o exemplo e tiverem sempre comida saudável em casa, ela vai acabar por alimentar-se bem.
  • se entenderes que determinado alimento não é opção deixa de o comprar, deixa de o ter à vista ou  tão acessível e mantém a tua firme decisão, explicando as razões : não são para chatear, ou aborrecer, é muito importante que ela entenda que a vossa relação não é um braço de ferro. É uma relação de respeito e igual valor, de confiança e responsabilidade, sendo que uma das pessoas é adulto e outra criança e isso pode implicar algumas diferenças de opinião e vontades , tal como entre dois adultos.
  • tira um bocadinho de tempo e decide com ela a ementa para a semana, colocando as tuas opções e vendo o que ela gostava de ter, para jantar também, sem abrires mão do que é inegociável para ti.
  1. As crianças resistem a ir para a cama, não gostam do escuro nem de adormecer sozinhas

Das muitas mães com quem falo e acompanho esta é a realidade mais normal –  se não recorremos a chantagens, se não é por medo ou para obter algo, a maioria das crianças não quer ir dormir nem sozinha, nem no escuro, nem à hora que nós mandamos!

Sei que vão dizer que as crianças precisam de descansar, de ter as horas de sono necessárias e que os pais também precisam de tempo para si. Tudo isto é verdade.

Dicas Super Mummy Mindful:

  • depois de jantar procura que a tua energia e a energia da casa diminua de intensidade ( fala baixinho, desliga a televisão e esquece o telemóvel, baixa as luzes)
  • propõe uma atividade conjunta que seja relaxante e tranquila ( desenhar ou coloria, um jogo, puzle que agrade a ambas e não excite demais).
  • diz-lhe quando for a hora de irem dormir. Diz que vais dormir, que queres ir descansar.
  • ler uma história ou partilhar um bocadinho do dia de cada uma, já na cama, pode ser uma ótima maneira de ela se sentir ouvida, de te sentir presente, para depois adormecer.
  • se não queres mesmo que ela durma na tua cama diz-lhe isso mesmo, explica o teu ponto de vista e procurem chegar a um acordo de como pode funcionar, sem ser ela adormece na tua cama ou a ver televisão. (acho muito mais prejudicial que ela adormeça a ver tv do que durma contigo e por vezes as mudanças tem de ser graduais)

 

  1. As crianças querem – acima de tudo – conexão

E, às vezes, procuram-na de maneiras muito estranhas: batendo, atirando facas (!), desafiando.

Sei o que vão dizer: mas se não castigamos, se não mostramos que estão a errar, como vão aprender a comportar-se?

Acredito que todo o comportamento visa a satisfação de alguma necessidade. E estes comportamentos agressivos, desafiadores querem dizer apenas duas coisas: ou “estou mal, ajuda-me, não estou a saber lidar com esta situação / emoção, os meus limites foram ultrapassados” ou “olha para mim, diz-me que gostas de mim, dá-me atenção de alguma maneira, mostra-me que te importas comigo”.

Dicas Super Mummy Mindful:

  • trava a agressão, coloca o teu limite, de uma maneira pessoal, amorosa e pacífica sem usares rótulos ou culpa: “ Eu não deixo que me batam” e conecta com a necessidade por trás do comportamento “estás a precisar de alguma coisa? Posso ajudar-te? Vejo que estás irritada – eu não quero que me batas –  do que estás a precisar, agora?”
  • nunca bater ou usar de alguma forma de violência, de forma a não legitimar o uso da violência por parte dela
  • conversar sobre outras formas de mostrar os nossos limites, conversar sobre as emoções e validar (a raiva, a irritação, a frustração são emoções normais e saudáveis, mais uma vez, porque nos falam de necessidades que temos por satisfazer)
  • assumir que as crianças “colapsam”, choram , fazem birras – o seu cérebro é ainda muito imaturo em alguns aspetos, nomeadamente no auto-controlo e na inibição das emoções e comportamentos. E, ao contrário do que se pensa, não é forçando o seu comportamento perfeito que se ajuda a desenvolver essa estrutura – é servindo de modelo de auto-controlo e não reatividade. ( como o mindfulness nos pode ajudar, aqui!) .

mariana bacelar

2 comments

  1. Muito bom… Perfeito
    Obrigada por partilhar connosco estas sábias sugestões…

  2. Claro e esclarecedor, apesar de já ser avó retive dicas muito importantes. Muito obrigado.

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