Mãe de primeira viagem e sem conhecimento da Parentalidade Consciente. Apenas a experiência com a minha sobrinha e um conjunto de crenças “instaladas” (mais limitadoras que possibilitadoras) transmitidas no seio familiar e social e no que está culturalmente enraizado como sendo “certo ou errado.”
Estar grávida, ainda que tenha sido resultado de um longo processo de um ano e meio, foi intenso, único e maravilhoso. Vivi uma gravidez saudável e estava radiante com o ser que crescia dentro de mim, queria que tudo fosse perfeito: a gravidez, o parto, o pós parto.
O curso de preparação para o parto foi determinante para tomar a decisão de amamentar: queria e ia amamentar!
O parto. Tudo decorria lindamente, utilizei banho quente, a bola, massagem, a respiração…até momento em que chegou a anestesista para a epidural. As contracções foram aumentando, as argumentações da anestesista também e o meeeedo instalou-se. Sem tempo para pensar optei por epidural. Estava accionado o botão da falta de confiança em mim, no meu filho e no processo natural de um parto.
A amamentação. Na sua fase inicial, revelou-se um verdadeiro desafio: dolorosa e ainda que tenha recebido informação teórica na prática foi tudo muito diferente. Má pega, ferida nos mamilos, rejeição da mama por parte do meu filho, desconhecimento de determinadas características específicas da fase do seu desenvolvimento e de grupos de apoio a mães. A minha insegurança aumentou, o fantasma do meeeedo voltou e travo uma luta para a qual já me sentia derrotada.
Acompanhamento pós parto. Continuamente colocado em causa o baixo percentil do meu filho, o amamentar, as horas para amamentar, a razão de não dar leite artificial e tantas outras coisas que me faziam sentir confusa, diminuída e duvidar das minhas reais capacidades enquanto mãe. Tudo aquilo em que acreditava e defendia era contrariado. Se por um lado achava que estava no caminho certo por outro ficava na incerteza se realmente estaria a fazer o melhor. Sem forças, o meeeedo disse-me, vou ficar!
Um dia ACORDEI e em silêncio gritei: BASTA! SEI COMO VENCER O FANTASMA: ESCUTAR MAIS O CORAÇÃO!
A partir desse dia tomei consciência que quando uma mulher engravida a sua identidade muda. Deixei de ser a Georgina para passar a ser a grávida. Quando fui mãe deixei de ser a grávida para ser a mãe e isso veio a constatar-se no dia-a-dia, incluindo a forma de ser aceite perante determinadas pessoas, como se sendo mãe fosse um título, um troféu que confere uma maior validade ao SER que somos.
Reconheci a importância de respeitar o mapa-mundo do outro, sem julgamento e compaixão. As opiniões dadas, algumas como se de uma ordem se tratasse, eram apenas isso. Tão válidas quanto as minhas. Respeitar o mapa-mundo dos outros cria também possibilidades de aprendizagem e de mudança do meu próprio mapa rumo a uma melhor pessoa e mãe. Confiar no meu instinto de mãe e “desligar das opiniões do mundo exterior” veio, a seu tempo, restabelecer a confiança em mim e naquilo em que acredito. Aprendi que para estar em paz e em sintonia com o fluir da vida em muito contribui o significado que atribuo às coisas e a forma como lido com elas, aceitando a minha vulnerabilidade e que fui o melhor que pude ser a cada instante. Tudo tem o seu tempo e a mudança acontece quando for o momento.
Se os medos não voltaram mais? Claro que sim, nessa altura questiono-me: O que faria o Amor?
FILHO, OBRIGADA POR ME ENSINARES A ESPERAR, CONFIAR E A ESTAR NO PRESENTE DE FORMA CONSCIENTE.
“Não existe um comportamento correcto ou errado. O que importa é escolhermos entre o medo e o amor.” Gerald Lampolsky, ph.D.
Georgina de Sousa
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