Academia de Parentalidade Consciente

Quero que o meu filho seja responsável

Parentalidade Consciente

As atitudes desejadas e as atitudes praticadas

Estou a ler um livro “A coragem de ser Imperfeito” – de Brené Brown, que me tem inspirado em diferentes sentidos da minha existência e igualmente me inspira para escrever esta reflexão.

Não precisamos de ser perfeitos, aquele lugar-comum que toda a gente sabe e fala, mas na verdade talvez muitas das atitudes que temos na pratica são quase como uma tentativa desesperada de estarmos perfeitos perante a nossa própria consciência, quase como uma desculpa para não agirmos de acordo com as atitudes por nós desejadas.

Desejo muitas coisas, virtudes e/ou valores humanos que a humanidade igualmente deseja como, gratidão, responsabilidade, respeito, compaixão, integridade, educação, etc… Como me distancio dos valores desejados? Não os colocando em prática.

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Se Penso, “SOU SEMPRE eu que faço tudo”, seja qual for a razão para agir nessa direção, eu estou a assumir as responsabilidades que são minhas, ou as responsabilidades de terceiros, inclusive as do meu filho?

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Numa mesa de café, estando atenta a uma conversa paralela diz uma mãe para outra: “O meu filho tem que ser responsável. Se eu sou responsável pelas minhas coisas, ele também tem que ser pelas dele.”

A atitude ou valor desejado é: a responsabilidade. Na prática, o que poderá acontecer é que a atitude praticada é: “Sou sempre eu que faço tudo”.

Como assim? Vejamos como exemplo: a mãe limpa, a mãe faz o jantar, a mãe passa a ferro, a mãe arruma a roupa do filho, a mãe faz os TPC, a mãe prepara a mochila para o filho ir para a escola, a mãe escolhe a roupa para ele vestir no dia a seguir, a mãe tem o pequeno-almoço em cima da mesa, a mãe pega na mochila e leva-a às costas até ao carro, etc, etc…

O que o filho vê a partir da atitude praticada: “ela faz tudo”…

O que está por trás da atitude praticada pode ser:

1.ª Pensamento: eu faço porque ele não sabe, porque não é rápido o suficiente e eu sei fazer melhor e mais rápido do que ele, ou;

2.ª Pensamento: ele é pequenino e não consegue fazer, um dia vai fazer, ou então;

3.ª Pensamento: faço eu porque eu já lhe disse para ele fazer e ele não faz.

Estes pensamentos que se reproduzem em ações têm como base o controlo que queremos ter pela nossa própria vida. O controlo vem do medo que temos que alguma coisa nos escape, pela busca da segurança que não existe e pela incerteza que sempre é certa.

Se penso, sou sempre eu que faço tudo, seja qual for a razão para agir nessa direção, eu estou a assumir as responsabilidades que são minhas ou as responsabilidades de terceiros, inclusive do meu filho?

Como vai entender ele então quais as suas próprias responsabilidades? Se as atitudes que pratico estão a uma distância considerável daquelas que desejo (e ele provavelmente nem sabe o que eu desejo, pois comunico, através das minhas atitudes, o inverso…)

A questão aqui está em definir limites: os limites entre, quais as responsabilidades da mãe e quais as responsabilidades do filho?

Algumas possibilidades que qualquer uma mãe se pode colocar: O quarto é dele ou é meu? A responsabilidade de limpar o quarto é dele ou é minha? O meu filho traz TPC, é ele que os faz ou sou eu? Lá em casa estamos todos sentados no sofá a descansar, e não há jantar, estou com fome os outros também estarão? Vou eu fazer o jantar ou vão todos? Eu visto-me todos os dias de manhã, o meu filho também, eu preparo as minhas coisas. Preparo as dele? Ou ele é capaz de as preparar?

Que limites desejo comunicar e que limites realmente comunico?

Estou disposta a abdicar desse ser perfeito, que faz tudo e que inconscientemente sabe tudo o que é de melhor para todos e começar a largar o controlo?

Estou disposta a colocar em prática aquilo que desejo? Se quero que o meu filho seja responsável, estou disposta a deixar que seja ele que faça o que é de sua responsabilidade (estando isso feito ou não, no tempo que eu quero e da forma que eu quero)?

Existe um espaço entre o valor desejado e o valor praticado. É talvez nesse espaço que se possam colocar boas perguntas e introspeções. É da minha responsabilidade medir o espaço entre esses dois pontos e perceber qual o meu caminho para que estes dois pontos estejam cada vez mais próximos. Essa proximidade, esse caminho, talvez seja aquele, que a colocará como mulher e mãe que assume, com maior leveza, a sua existência, as suas necessidades. Sim, porque uma mãe tem necessidades.

Já mostrou isso, na prática, ao seu filho? De que forma?

O que a tem impedido de colocar em prática as suas necessidades?

“Não precisamos de ser perfeitos, mas temos que estar atentos e comprometidos para alinhar nossos valores com as nossas atitudes. E devemos estar preparados… e assumir alguns riscos” – Brené Brown

Obrigada a todas as mulheres que, imperfeitas, me têm vindo a inspirar

Abraço,

Ana Ferreira

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